segunda-feira, 8 de julho de 2013

9 de Julho = MMDCA *



 
No dia 09 de julho, São Paulo comemora a Revolução Constitucionalista de 1932. A data, transformada em feriado civil em 1997, marcou o início de um dos principais episódios da história do estado. Sua importância está evidente em toda a cidade: duas avenidas carregam nomes que remetem à revolta (9 de julho e 23 de maio) e monumentos como o Obelisco do Ibirapuera prestam homenagens aos mártires da chamada “Guerra Paulista”. Martins, Miragaia, Dráuzio, Camargo e Alvarenga, jovens que tombaram no Largo de São Francisco em 23 de Maio, deram nome a ruas e passaram para a história como heróis paulistas.
A Revolução foi um levante armado da população de São Paulo que, entre os meses de julho e outubro de 1932, combateu as tropas do governo federal em várias frentes. A reivindicação central do movimento era a destituição do governo provisório de Getúlio Vargas, que dois anos antes assumira o poder no país, fechando o Congresso Nacional e abolindo a Constituição. O levante é chamado de “constitucionalista” porque São Paulo pedia a promulgação de uma nova constituição federal.
A empreitada militar paulista não foi bem sucedida: as tropas do estado perderam a guerra, sufocadas pela superioridade numérica e técnica do exército brasileiro. Mas sua luta não foi completamente em vão: dois anos depois, em 1934, o governo central promulgava uma nova constituição, mostrando que a revolta conseguira, ainda que tardiamente, atingir seu principal objetivo declarado.
Foi alto o custo dessa vitória moral, uma vez que o estado teve suas fronteiras fechadas e teve de improvisar a falta de recursos e armamentos. A Escola Politécnica desenvolveu implementos bélicos como um trem blindado e veículos providos de torres giratórias com metralhadoras, mas a escassez de munição levou ao recurso do uso de matracas nos combates realizados no Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira, Botucatu e Vale do Ribeira.
Mas o impacto da Revolução de 32 não se restringiu apenas ao campo da política: o levante foi também um dos principais marcos da formação da identidade paulista. Apoiada na ideia de que o estado é o “carro chefe” da nação, as elites locais aproveitaram o sentimento de união gerado pela revolta para reforçar seu discurso sobre o suposto “espírito” do povo de São Paulo. Dessa forma, elementos que vinham sendo construídos havia anos – como as ideias de pioneirismo e nobreza paulista – foram reforçados pelo poder ideológico da Revolução.
Além da intensa ação de recrutamento de voluntários para suplementar os quadros da Força Pública e da campanha “Dei ouro para o bem de São Paulo”, merecem destaque o Hino Paulista, com letra de Guilherme de Almeida sobre a música Paris Belfort, e o uso do rádio, então uma novidade, para noticiários, propaganda e contrapropaganda.
 

* Durante muitos anos o movimento foi conhecido por MMDC, sendo recentemente acrescentado o A de Alvarenga, que só veio a óbito algum tempo depois dos outros quatro.

 

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