Quando ficar velho, quero usar
púrpura
Com chapéu vermelho, que não combina
e fica ridículo em mim.
Vou gastar o dinheiro que tenho em
uísque,
Usarei luvas no verão, e me queixarei
que falta manteiga em casa.
Vou sentar-me no meio-fio quando
estiver cansado.
Comerei todas as ofertas do
supermercado.
Tocarei as campainhas dos vizinhos,
Arrastarei meu guarda-chuva nas
grades da praça,
E só assim me sentirei vingado por
ter sido tão sério durante a minha juventude.
Vou andar de chinelos, arrancar flores
do jardim dos outros,
E vou cuspir no chão, usar roupas
horríveis e engordar sem culpa.
Comerei um quilo de salsichas no
almoço, ou passarei a semana com picles no pão.
Mas, enquanto ainda sou jovem, tenho
de ser sério,
Preciso de um tipo de roupa que me
deixe seco em caso de chuva,
Tenho que pagar água, luz e aluguel,
e não posso dizer palavrão na rua.
Preciso ler jornal e estar informado,
sempre conectado,
E convidar meus conhecidos para
jantar.
Por isso, quem sabe, eu não deveria
treinar desde agora?
Assim, ninguém vai ficar chocado,
Quando, de repente, eu ficar velho
E começar a usar púrpura...
Adaptação de
poesia traduzida por Lya Luft, e extraída
do livro QUNDO ENVELHECER QUERO USAR PÚRPURA
do livro QUNDO ENVELHECER QUERO USAR PÚRPURA