Peregrinos sempre existiram, de várias religiões e variadas
motivações.
O termo peregrino (do Latim per + agros = aquele que caminha pelos campos) tem uma conotação
além do caminhar, do dirigir-se a um determinado local sagrado, requerendo
também uma razão pessoal para a caminhada. Cada um tem a sua crença e motivação.
Uma das peregrinações cristãs mais famosas no ocidente,
Santiago de Compostela, que o meu filho Marcelo já fez, superpõe-se aos ritos
pagãos de Finis Terrae, que consistia
em chegar ao extremo ocidental europeu, ao “fim da terra”, para assistir ao por
do sol, que renasceria na manhã seguinte no Oriente.
Em 2005, meu amigo banespiano aposentado de Ribeirão Preto,
Ovídio Mora, percorreu os 417 km de Tambaú a Aparecida do Norte em 16 dias,
conforme narra em seu livro Paciência e
Descontração no Caminho da Fé.
Em 2008, outro amigo aposentado do Banespa, Paulo Kaneko,
caminhou 54 dias para completar o Caminho
de Shikoku, no Japão, circuito de 88 templos ao longo de 1.200 km. Escreveu
um belo livro relatando o feito e mantém um blog intitulado O abelha que anda.
Em 2014, mais como desafio pessoal de um “envelhescente” de
70 anos, animado pelo apoio, confiança e incentivo da esposa, familiares e
amigos, resolvi encarar esse desafio para, sem pressa nem muito esforço, cobrir
os 400 km do Caminho da Fé em fins de maio e começo de junho. Meu mote será a
reflexão, o encontro com a natureza e, mais do que espírito de romeiro,
praticar o que já é chamado de turismo religioso, com paciência e descontração.
De acordo com o Guia do Peregrino, fornecido pela Associação
dos Amigos do Caminho da Fé, existem pousadas ao longo do roteiro, onde deve
ser carimbado o passaporte do peregrino. As cidades são: Águas da Prata;
Andradas; Barra; Ouro Fino; Borda da Mata, Tocos do Mogi; Estiva; Consolação;
Paraisópolis, Sapucaí Mirim; Pindamonhangaba e Aparecida do Norte.
Planejamento, treinamento e equipamento, tudo dentro de um
padrão espartano e funcional recomendado por gente experiente nas trilhas. Bota
de montanha, meias grossas, calças de tactel, colete funcional, moletom, capa
de chuva, mochila de 40l (para um máximo de 8 quilos), chapéu de pescador,
jaqueta impermeável, camisetas de algodão, camisas U.V., nécessaire, lanterna,
canivete, celular com GPS e muito fair
play.
Vencido, exausto,
quase morto, cortei um galho do teu horto e dele fiz o meu bordão.
Foi minha vista e
foi meu tato; constantemente foi o pacto que fez comigo a escuridão.
Pois nem fantasmas
nem torrentes, nem salteadores, nem serpentes prevaleceram no meu chão.
Somente os homens,
que me viam passar sozinho, riam, riam, riam, não sei por que razão.
Mas, certa vez,
parei um pouco, e ouvi gritar: - “Aí vem o louco que leva uma árvore na mão”.
E, erguendo o
olhar, vi folhas, flores, pássaros, frutos, luzes e cores... – Tinha florido o
meu bordão !
Oração ao Cajado –
Guilherme de Almeida