Hoje, na minha leitura matutina do
jornal, encontrei um bom artigo de Paulo Coelho, que confesso não ser um dos
meus autores preferidos. Entretanto, creio que o assunto merece ser
compartilhado por se tratar de uma reflexão rara e oportuna. Transcrevo alguns
trechos:
“Creio que esta minha coluna é lida em, aproximadamente, 3 minutos. Pois
bem: segundo as estatísticas, neste espaço de tempo irão morrer 300 pessoas e
outras 620 nascerão.
Talvez eu demore meia hora para escrevê-la: estou concentrado no meu
computador, com livros ao meu lado, ideias na cabeça, carros passando lá fora.
Tudo parece absolutamente normal à minha volta; entretanto, durante estes 30
minutos, 3 mil pessoas morrerão e 6.200 verão, pela primeira vez, a luz do
mundo.
Onde estarão estas milhares de famílias que apenas começaram a chorar a
perda de alguém ou rir com a chegada de um filho, neto ou irmão?”
“Que coisa. Uma simples estatística, que olhei por acaso, e de repente
estou sentindo essas perdas e esses encontros, esses sorrisos e essas lágrimas.
Quantos estarão deixando esta vida sozinhos, em seus quartos, sem que ninguém
se dê conta do que está acontecendo? Quantos nascerão escondidos e serão
abandonados na porta de asilos ou conventos?”
“As pessoas pensam muito pouco na morte. Passam suas vidas preocupadas
com verdadeiros absurdos, adiam coisas, deixam de lado momentos importantes.
Não arriscam, porque acham que é perigoso. Reclamam muito, mas se acovardam na
hora de tomar providências. Querem que tudo mude, mas elas mesmas se recusam a
mudar.
Se pensassem um pouco mais na morte, não deixariam jamais de dar o
telefonema que está faltando. Seriam um pouco mais loucas. Não iam ter medo do
fim desta encarnação – porque não se pode temer algo que vai acontecer de
qualquer jeito.”
Espero que você, leitor, tenha chegado
até aqui. Seria uma bobagem assustar-se com o título, porque todos nós, cedo ou
tarde, vamos morrer. E só quem aceita isso está preparado para viver.
* AT-Revista Ed.467 - 10nov2013