sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Marcianos



Nosso mundo está cheio de gente que faz de conta. Se observarmos o Facebook, por exemplo, parece que todos são educados, com as exceções (e excessos) de praxe. São felizes e vivem postando bons conselhos, pensamentos de livros e críticas ao governo. Também defendem a ecologia, as minorias e os animais.
Quando em treinamento, costumamos pedir aos participantes que completem rapidamente, sem serem politicamente corretos, a seguinte frase escrita no quadro: A HUMANIDADE É ...
Ácida, cruel, bela, burra, insana, evolutiva, hipócrita, maravilhosa, falsa, injusta, venal, e outras tantas respostas costumam aparecer, na base de 3 x 1, com defeitos e qualidades. A seguir, pedimos que risquem A HUMANIDADE É ... e escrevam EU SOU, em seu lugar. A princípio, muitos ficam chocados.
Quer queiramos ou não, a humanidade tem a nossa cara. E o mundo será melhor ou pior na próxima década, segundo o somatório daquilo que eu, você e todos os demais indivíduos fizermos. Mas pouca gente pensa seriamente nisso.
Nós fomos criados e educados por quinze, vinte ou mais anos, sempre tratados como crianças ou imbecis e desenvolvemos um sentimento de impotência e de culpa, que nos leva de imediato a buscar desculpas e a responder – Não fui eu ! – rapidamente a qualquer pergunta. Além disso, temos o mau hábito de arranjar desculpa para todos os nossos fracassos e mazelas, com frequência, jogando a responsabilidade em outras pessoas.
Consciente ou inconscientemente, somos cínicos e hipócritas porque acreditamos que a providência divina deve salvar a nossa alma; a presidência acabar com a corrupção e a inflação, o estado tem a obrigação de prover segurança e o prefeito de asfaltar as ruas. A empresa deve nos reconhecer e conceder aumentos, os chefes tem a obrigação de nos promover e cabe aos professores nos dar boas notas. Esposas e maridos devem cuidar do lar e dos filhos. Sempre achamos que os outros é que devem fazer alguma coisa!
E quando alguém nos pergunta o que achamos da humanidade, despejamos todo o nosso recalque, desafogamos as nossas mágoas e, na base do três por um, os adjetivos são sempre dotados de forte conotação negativa, ressaltando problemas de uma humanidade que não seria a nossa. Cinicamente, agimos como se fôssemos marcianos e não temos escrúpulos em apontar todos os males que sabemos existir, mas dos quais não gostamos de compartilhar a responsabilidade. 

  – E nós mesmos, afinal, fazemos o quê?

 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Diligência


Diligência, em ética, é a virtude humana de seguir um objetivo de vida, conquista ou qualquer tipo de princípio por meios convencionais até chegar ao fim do objetivo. É também uma das sete virtudes do cristianismo.
A palavra diligência vem do verbo latino diligere, que significa amar; diligens (diligente) significa aquele que ama. Remédio para a preguiça, a virtude da diligência consiste no carinho, alegria e prontidão (diferente de pressa) com que pensamos no bem e nos dispomos a realizá-lo da melhor forma possível.
Diligência é uma habilidade adquirida que combina persistência criativa, esforço inteligente, planejado e executado de forma honesta e sem atrasos, com competência e eficácia, de modo a alcançar um resultado puro e dentro do mais alto nível de excelência. [Provérbios 22:29]
Assim, concluímos hoje a nossa série SALIGIP, uma releitura soft das virtudes capitais através de um olhar caridoso, que propõe a vivência sadia e virtuosa pela escolha livre do bem, em contraposição às antigas práticas religiosas castradoras que ameaçavam com o mal.
Recuso-me a acreditar em um Deus que seja ameaçador, autoritário e justiceiro, quando o próprio Jesus resumiu os dez mandamentos em apenas dois, que só falam de amor.
Desejo a todos um carnaval alegre e virtuoso.
 
 

 

 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Caridade


 


Hoje, abordamos a virtude da caridade, também traduzida corretamente como amor verdadeiro, que tem sua origem na palavra grega "agapé". Em nosso idioma a palavra amor assume diversas interpretações possíveis como amor sensual (eros) e amor pessoal (filos). No original grego, assume um significado especifico, que tem mais sentido como um comportamento virtuoso, uma escolha feliz, do que propriamente com sentimentos.
Caridade é um estado de espírito ou uma ação altruísta de ajuda a alguém, sem busca de qualquer recompensa. A prática da caridade é notável indicador de elevação moral e uma das atitudes que mais caracterizam a essência boa do ser humano, sendo, em alguns casos, chamada de ajuda humanitária.
Termos afins: amizade; amor ao próximo; bondade; benevolência; compaixão; indulgência; perdão e simpatia.
Na sequência dos pecados capitais, caridade é a virtude que se opõe à inveja.

 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Vivemos mais ! Vivemos bem ?


Esse é o título de um livro que ganhei no último Natal, de autoria de Mario Sergio Cortella e Terezinha Azerêdo Rios.
Muito se tem escrito, falado e divulgado sobre o aumento da expectativa de vida. A todo momento ouvimos recomendações de como manter a qualidade de vida: prática de exercícios, alimentação saudável e assim por diante.
Para além de todas essas questões, há, contudo, uma experiência pessoal, única. A seu modo, cada um de nós pode fazer do próprio envelhecimento um processo de crescimento contínuo: não biológico, mas de aprendizado e convívio, de autoconhecimento e compreensão.
Assim, enfrentando a vida com coragem, partilhando as experiências, sendo vital no dia a dia, talvez, além de longa, nossa vida possa ser larga, ampla.
Transcrevo algumas frases que sublinhei enquanto me deliciava com o livrinho hoje concluído:

·       Medo é estado de alerta, ao passo que pânico é incapacidade de reação.
·       A ideia de vida longa implica viver mais e viver bem.
·       O que você vai ser quando crescer?
·       Só existe um indivíduo terminado: o cadáver.
·       As pessoas costumam usar a expressão vida e morte. A morte não é o contrário da vida, mas do nascimento. Vida não tem contrário.
·       Evolução significa mudança e não melhoria. Os médicos falam: evoluiu para óbito.
·       Muita gente acha que liberdade é a ausência de limites. Na verdade, liberdade é a possibilidade de escolha.
·       Eu já não guardo mais livros, estou começando a distribuí-los. Eu não guardo mais livros quando compro ou ganho de presente. Leio-o e passo adiante.
·       O que não parece vivo, aduba. Nunca nada está morto.
·       A cada dia, você é a mais nova edição de você mesmo.
·       Amanha não chega nunca, mesmo, pois quando chega já se transformou em hoje.
·       Vida boa é a presença do desejo e não a satisfação da necessidade.
 
 
Bene

 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Temperança


 

Dando sequência aos nossos comentários da série SALIGIP, hoje falaremos da virtude da temperança.
A temperança (do latim: temperare) é uma das virtudes ditas universais, uma das quais propostas pelo cristianismo. Temperança significa equilibrar, colocar sob limites, "moderar a atração dos prazeres, assegurar o domínio da vontade sobre os instintos e proporcionar o equilíbrio no uso dos bens criados". Essa virtude serve para controlar o pecado da gula e se traduz por um bom exercício de disciplina, que vem a ser a prática da verdadeira liberdade.
A temperança assemelha-se ao conceito grego de Sofrósina (σωφροσύνη, sophrosyne), divindade que personificava a moderação e o autocontrole. Sua correspondente romana era Sobrietas (sobriedade).
Na tarologia, A Temperança é um arcano do tarô, e é representada por um anjo que passa água de um vaso para outro, o que significa a moderação na vida, e é também representada pelo signo de aquário, no zodíaco. Ao ser retirada a carta da temperança, dependendo do contexto, indica a necessidade do indivíduo levar uma vida mais esquilibrada em relação a razão e a emoção.
Em termos práticos, significa comer e beber apenas o suficiente, aproveitando as boas coisas da vida, sem se entregar aos excessos de qualquer natureza.
Colabora na verdadeira qualidade de vida.