sábado, 28 de maio de 2011

Quanto vale o tempo?

“O tempo não existe, é uma criação da mente. No Universo só existem movimentos, uns vistos em relação a outros. O tempo só existe porque existem a razão e a consciência”. Assim constava no nosso post intitulado Conversa para matar o tempo. (Dez.2010)

A monja Cohen afirma que “nós somos o tempo”, vivendo no movimento circular da Terra, que convencionamos medir e explicitar como tendo 24 horas, ou 1.440 minutos, ou ainda 86.400 segundos.

Entretanto, as pessoas possuem diferentes percepções do tempo. Se você quer saber quanto vale o tempo, faça a pergunta a diferentes pessoas e receberá respostas igualmente variadas:

Para o paleontólogo, a unidade é o milênio. Para o historiador, é um século. Para o sociólogo,  a década. Para o repetente, um ano. Para a gestante, o mês. Para o feto, a semana. Para o aniversariante, o dia. Para o viajante, a hora. Para o vestibulando, o minuto. A NASA trabalha com segundos. O atleta, com décimos. O velocista mede os centésimos, enquanto os resultados da F-1 são apresentados em milésimos...

E para você, quanto vale o tempo?



Bene

domingo, 22 de maio de 2011

Breve história de Redenção da Serra

No início do século XIX, com o esgotamento do ouro nas Minas Gerais, a economia brasileira se deslocou para o Vale do Paraíba, movida pelo fenômeno do ciclo do café.  

A monocultura do café trouxe a expansão cafeeira na região, ocupando montanhas e vales, possibilitando o surgimento de cidades e vilarejos, dinamizando e enriquecendo importantes centros urbanos da época, como Taubaté, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Lorena e Bananal.

O núcleo principal da história de Redenção da Serra está ligado à abolição da escravatura – Lei Áurea, de 13 de maio de 1.888.

Com a extinção do tráfico negreiro em 1850, a Lei do Ventre Livre em 1871, e a Lei dos Sexagenários em 1885, a ideia da total liberação dos escravos já era aceita entre os conservadores e liberais da região.

Em Santa Cruz do Paiolinho chegaram também os ecos da campanha abolicionista e, aderindo ao movimento cívico, foi o primeiro município paulista a conceder liberdade aos negros no dia 10 de fevereiro de 1888, portanto, noventa dias antes da Lei Áurea.

Segundo documento assinado pelos ilustres moradores do Paiolinho, nessa data declaravam livres os seus escravos, que continuariam trabalhando mediante um salário convencionado.

No mesmo documento, motivados pelo sentimento abolicionista que tomava conta do país, resolveram trocar a designação do município de Santa Cruz do Paiolinho para Redenção da Serra.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Porviroscópio

Em 1926, Monteiro Lobato publicou um livro intitulado O Presidente Negro*. Nesse livro ele imaginou que no ano de 2228 concorreriam à presidência dos Estados Unidos uma mulher, um branco e um negro. E que o eleito seria o negro. No livro de Lobato, os personagens da história entram em contato com o futuro através de um aparelho que ele chamou de PORVIROSCÓPIO.
A história antecipou o vaticínio de Lobato em muitos anos com a eleição de Obama. A realidade muitas vezes se mostra mais exequível que a ficção.
Se o Michel Temer, por exemplo, possuísse um aparelho desses, certamente ele trataria de saber se a Dilma terminaria o mandato, assim como o Sarney deu uma secada no falecido Tancredo Neves. Ou não tem sido essa a vocação do PMDB, a de estar em todas as boquinhas?
Se a torcida do Corinthians tivesse um porviroscópio certamente estaria direcionando o mesmo para a Vila Belmiro para saber se o Santos, apesar do cansaço da maratona, da ausência de Ganso, do Neymar com o “baque” da paternidade, poderá atrapalhar o sonho de mais um título para o Timão.
Eu creio que muitos casamentos acabariam antes do tempo se maridos e esposas tivessem esse aparelho. Nem chegariam a namorar e muito menos a ficar noivos. As loterias certamente acabariam. Os cassinos. Tudo que envolvesse probabilidade futura ruiria por terra.
E se o porviroscópio tivesse alcance para além da morte e desvendasse o futuro da alma, as religiões estariam também a perigo. O melhor é ir vivendo a vida de 24 em 24 horas. Com todas as suas incertezas, deslumbramentos, tragédias e surpresas. Sejam elas agradáveis ou não.
É no mistério de cada dia que reside o fascínio de viver.

Bene
 

* reeditado pela Globo em 2008

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cremação

No Crematório da Vila Alpina, que fica em São Paulo e é o maior do país, a procura quase que dobrou na última década. Em 1998, o local fez cerca de 2.900 cremações. No ano passado, perto de 5.300.

 “O crescimento da cremação no Brasil é evidente e não tem volta", afirma Celso Jorge Caldeira, superintendente do Serviço Funerário de São Paulo.

Para ser cremada, a pessoa precisa ter deixado uma declaração reconhecida em cartório e assinada por testemunhas. Caso isso não tenha sido feito, só parentes em primeiro grau podem autorizar a cremação.

Das grandes religiões, o judaísmo e o islamismo ainda não são favoráveis à cremação.  A Igreja Católica, que já condenou, hoje aceita esse procedimento.

Os motivos que levam à cremação são muito íntimos. Mas, de maneira geral, de acordo com especialistas, os brasileiros estão se desfazendo da impressão de que reduzir o corpo a cinzas significa apagar completamente a lembrança do ente morto. As pessoas estão mais flexíveis. As pessoas estão trocando o túmulo pelas lembranças.

Apesar de crescente, a cremação ainda é tímida no Brasil. Na cidade de São Paulo, segundo o Serviço Funerário Municipal, 8% dos corpos são cremados, muito longe dos 75% da Suíça e dos 98% do Japão.

Sou doador de órgãos e desejo ser cremado e que as cinzas sejam lançadas ao mar. Tenho essa decisão registrada em cartório desde a década de 80, e meus amigos e familiares sabem disso.



Bene

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O sêmen é antidepressivo ?

O buchicho que de tempos em tempos vem à tona voltou a circular na internet: “Você sabia que o sêmen tem propriedades antidepressivas?”.
Segundo uma pesquisa do psicólogo Gordon G. Jr. Gallup, publicada na revista Archieves of Sexual Behavior (Arquivos do Comportamento Sexual), tem sim.

O professor da Universidade Estadual de Nova York em Albany acompanhou 293 estudantes americanas em 2002 e concluiu que aquelas que faziam sexo sem camisinha apresentavam menores níveis de depressão do que aquelas que usavam o preservativo sempre ou geralmente e também daquelas que não faziam sexo.
Como a diferença entre quem não fazia sexo e aquelas que usavam proteção não foi significativa, atribuir a felicidade ao sexo estava excluído.

Gordon Gallup conta em entrevista à Jennifer Abbasi do Popsci veiculada nesta quinta-feira (05) que “o plasma seminal deve controlar e manipular o sistema reprodutivo feminino para trabalhar de acordo com o melhor interesse do doador, o homem”. É possível encontrar no plasma hormônios como estrogênio, prostaglandinas e oxitocina. Os dois primeiros têm sido associados a menores níveis de depressão, enquanto a oxitocina é conhecida por hormônio do amor, por favorecer o contato social.
Ele conta ainda que em um recente estudo, não publicado, descobriu que as mulheres podem sofrer quando ficam sem sêmen. De acordo com o pesquisador, as mulheres em relacionamentos estáveis que tinham relações sexuais desprotegidas foram muito mais devastadas e negativamente afetadas depois de um rompimento do que aquelas que faziam uso de preservativos.

UOL-Ciência-05.05.11



[

Condecoração

José Genoino foi condecorado pelo Exército ontem (08/05/11), no Rio, com a Medalha da Vitória. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que a escolha foi sua e que foi a primeira vez que um ex-guerrilheiro do Araguaia recebeu a distinção.
Réu no processo do mensalão no STF, Genoino não se reelegeu deputado federal e foi nomeado neste ano assessor especial de Jobim, por influência de Lula.
Ele estava na primeira fila entre os 284 condecorados com a medalha, criada para homenagear os que contribuem para "difundir a atuação do Brasil em defesa da liberdade e da paz mundial" e que prestaram serviços relevantes ao Ministério da Defesa.
A repugnância, que deveria ser natural e imediata em situações como essa, começa a arrefecer diante da vulgarização na distribuição de comendas.
Depois de fatos inadmissíveis como o título de doutor (horribilis causa) para Lula, concedido pela Universidade de Coimbra; a medalha Machado de Assis para Ronaldinho gaucho, conferida pela Academia Brasileira de Letras; e  Da. Marisa condecorada pela Aeronáutica, dos demais agraciados que tenham integridade e vergonha na cara, só se pode esperar a devolução da honraria para não ter que ombrear com tão ignóbeis “companheiros”.

Bene

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Bin Laden

Para não dizerem que não falei a respeito, o velho terrorista já foi tarde.

Sem dúvida a postura de “Rambo” e de xerife do mundo, que os americanos gostam de exibir, ainda está muito longe de chegar ao fim.

Invasão de país “amigo”, assassinato de pessoas desarmadas, descarte sumário do corpo no oceano, não publicação de fotos ou vídeos que o presidente afirma ter visto, tudo isso não cheira bem, para dizer o mínimo.

Quanto ao terrorismo em si, um terrorista só, como uma só andorinha, não faz verão. Os atentados continuarão.  Bin Laden podia ser considerado um terrorista emérito, como FHC é professor emérito. Estava desativado, morava numa casa com crianças e mulheres, sem telefone, TV, internet.

Como podia dirigir uma rede internacional de capangas? Nem assistia ao programa do Faustão, não jogava na Mega-Sena e pagava tributo ao Grande Satã consumindo Coca-Cola e Pepsi. O que se poderia esperar de um velho bandido assim?

O dia está lindo, com sol brilhante e céu azul. O mar parece mais bonito com a espuma branca das ondas. Tudo isso é um convite para uma caminhada à beira mar.

Fui.


Bene

domingo, 1 de maio de 2011

Navegando


A palavra "navegar" é a mais perfeita comparação que se possa aplicar ao universo da informática, em especial, ao oceano sem fim da internet. Nem fica bem citar o Pompeu ("navegar é preciso"), que muita gente nem sabe quem foi, achando que a frase é de Fernando Pessoa ou de Caetano Veloso.
Mas navegar é uma das fronteiras do homem e, quando se dá o caso, a sua necessidade mais urgente. Se não houvesse o instinto, a inexorabilidade do navegar, ainda estaríamos na caverna, comendo carne de javali crua e puxando nossas mulheres pelos cabelos.
Camões foi quem melhor revelou o espírito (de porco) daqueles que condenam o navegar. O velho do Restelo, diante da armada de Vasco da Gama que partia para descobrir novos rumos para a humanidade, ficou pelo cais amaldiçoando aqueles que "colocavam uma vela sobre frágil lenho". Frágil lenho seria uma boa definição para um navio da era das navegações.
Pensando bem, a internet é um lenho ainda frágil. Depende de velas e ventos, encerra um mistério que abrirá caminhos – não necessariamente bons. Mas novos e surpreendentes.
Pertenço à parcela da humanidade que se formou antes do universo eletrônico. Poderia ficar pelo cais, murmurando imprecações contra os que partem. Nem sempre gostaria de partir, mas também não gosto da monotonia do cais, desprezando a problemática segurança da terra firme.
É o preço que pago por pertencer a uma geração que, em tão pouco tempo, viu a bomba atômica explodir e, logo em seguida, viu explodir a potencialidade da comunicação humana. Cada vez que abro o computador, tenho a impressão de que vou detonar uma bomba atômica que pode ser inofensiva, que nada ou muito destrói. Mas me introduz num mar desconhecido e muitas vezes macabro.
CARLOS HEITOR CONY­_FSP_110501