O papa, que se despediu hoje do
Brasil, mostrou que começou a cumprir a missão que delegou para si, que é
renovar e modernizar a Igreja Católica, atrair novos fiéis e reconquistar
aqueles que se dizem católicos, mas não sabem o que se passa na sua paróquia.
Trata-se de uma tarefa nada fácil nas mãos de um condutor que precisa ser
corajoso para os desafios que surgirão. É um caminho longo e Francisco
precisará de mais tempo para provar ser capaz de vencer essa trilha. Um de seus
títulos honoríficos, o de pontífice significa construtor de pontes.
Ele demonstrou grande carisma,
puxando a população para si e se livrando da pompa da própria Igreja e do luxo oferecido
pelo Estado. Depois da popularidade de João Paulo II e da cultura teológica de
Bento XVI, Francisco quer ser lembrado como o papa da simplicidade e do resgate
das origens do cristianismo, que é a ajuda aos pobres e alijados da sociedade,
como os viciados e outras minorias discriminadas.
Ele fez uso frequente da linguagem
coloquial e recorreu ao “bote fé” dos cariocas para empolgar os participantes
da Jornada Mundial da Juventude, mas com um apelo à retomada da espiritualidade
nas celebrações e no dia a dia. Francisco pediu aos jovens dedicação à Bíblia e
condução da vida com novos olhos, mas sob a perspectiva de Jesus. Ensinou que
um povo só tem futuro se considerar igualmente os dois extremos da vida: os
jovens que tem a força, e os idosos que possuem a sabedoria da vida, da história,
da pátria e da família.
Sendo também um Chefe de Estado,
teve habilidade suficiente para priorizar o papel de líder religioso e não se
deixar enredar pelo marketing político governamental que tentou pegar carona
nos holofotes que o mantiveram em evidência mundial por uma semana no Brasil,
enquanto manteve um sorriso benevolente ao se relacionar com o povo nas ruas.
Em sua visita o papa passou uma
imagem de Igreja mais inclusiva e democrática, aberta a todos. Contudo, é
preciso sintonizar o discurso e o que se tem hoje. Também se deve lembrar que
Francisco, que é líder de uma instituição com virtudes e falhas, terá que
desenvolver um longo processo paralelo de convencimento dos padres, bispos e
cardeais de que é preciso mudar para sobreviver aos novos tempos.
Reforçando um pedido que o papa fez
mais de uma vez, oremos para que tenha êxito!