domingo, 27 de março de 2011

Glossário centrado em princípios


Stephen Covey é o mais bem sucedido dos gurus norte americanos que utilizam idéias de caráter psicológico e espiritual para levar executivos – e muitos outros tipos de leitores – a melhorar seu desempenho profissional e transformar sua vida.
Prova disso é a fenomenal repercussão dos conceitos de Covey em todo o mundo. Seu livro mais famoso – Os 7 Hábitos das Pessoas muito Eficazes publicado nos EUA em 1989, já vendeu mais de dez milhões de cópias e atraiu para o autor uma audiência inédita, que vai de profissionais isolados a corporações de atuação mundial. Covey defende que as conquistas materiais devem ser baseadas em princípios morais claros.
Um glossário centrado nos princípios universais dá uma pequena amostra de como funciona a  filosofia de Covey:
Amigos – parceiros, companheiros de vida, interdependentes. Confidentes, pessoas para apoiar, compartilhar e servir.
Bens – Recursos econômicos. Responsabilidade no uso e conservação. Abaixo das pessoas em importância.
Cônjuge – Parceira(o) igualitária(o) na relação interdependente e mutuamente benéfica. Sócia(o) na felicidade e cúmplice no crescimento.
Dinheiro – Recurso necessário para atingir metas e prioridades. Meio de troca e reserva de valor. Devemos nos servir dele, jamais servi-lo.
Família – Amigos. Oportunidade para aprender, servir e contribuir na busca da realização. Oportunidade para entender e reescrever o relacionamento entre gerações.
Inimigos – Intrinsecamente, ninguém o é. São apenas pessoas com diferentes paradigmas e prioridades outras. Gente que ainda não pensa como você.
Prazer – Alegria que resulta de quase todas as atividades de um ser vivo. Recreação verdadeira, como parte importante de um estilo de vida equilibrado e integrado.  É o destino da criação.
Princípios – Leis naturais imutáveis que não podem ser violadas impunemente. Aceitos como valores, preservam a integridade e conduzem á felicidade e ao amadurecimento.
Saúde – Condição natural do ser humano.  Deve ser preservada para possibilitar a vivência integral de suas potencialidades. Descuidar-se da saúde é pecar contra a humanidade.
Trabalho – Chance de usar talentos e habilidades. Meio de obter recursos econômicos. Investimento produtivo de tempo. Forma de aprender, contribuir e sentir prazer.

Bene

sábado, 26 de março de 2011

ACORRENTADOS

É bastante conhecido o mito da caverna, descrito por Platão, no Livro VII da República, onde relata a epopéia de um ser que vivia acorrentado com muitos outros numa caverna, onde somente percebiam como realidade as próprias sombras projetadas na parede do fundo.
Tendo conseguido escapar e descoberto a beleza do mundo exterior, retorna para tentar convencer os demais, que o espancam e matam por considerá-lo um louco subversivo.
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.
Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência, isto é, do conhecimento abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias – um  mundo verdadeiro – e  a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo das coisas sensíveis – este nosso mundo.
Este tema – realidade ou aparência – foi retomado ao longo da história da cultura ocidental por muitos filósofos e alguns escritores, embora com perspectivas distintas.
Exemplos modernos podem ser a série Persons Unknown , o livro Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley, 1932), o filme Matrix (Irmãos Wachowski, 1999) e também A Ilha de Michael Bay de 2005. Outro autor que utilizou, paródicamente, essa parábola platônica foi o autor José Saramago, em seu livro A Caverna.

sexta-feira, 25 de março de 2011

REUNIÃO DE CONDOMÍNIO


Na última vez que participei de uma reunião de condomínio, estiveram presentes apenas oito de 66 proprietários, sendo que alguns munidos de outras tantas procurações.
Seria de se lamentar a reduzida presença de condôminos na AGO, se isso não fosse consequência do desconforto e da esterilidade dos confrontos pessoais e gratuitos que costumam ocorrer em quase todos os condomínios. Segundo estatísticas do setor, a frequência média é da ordem de 15% dos condôminos, não importando o tamanho ou condição do prédio.
Curiosamente, a frequência costuma ser um pouco maior quando estão em pauta assuntos de interesse individual, como sorteio de vagas de garagem, por exemplo. Discussões sérias, como aprovação de contas, obras e eleições de síndico, não costumam empolgar muita gente, segundo o sindicato.
Normalmente, quem comparece são alguns amigos da situação (drivers), novos proprietários (que logo se desiludem) e a costumeira oposição sistemática de dois ou três (blockers), que são sempre os mesmos.
 A grande maioria (watchers), que possui apartamento na praia para lazer e veraneio, como deve estar satisfeita e não deseja aborrecimentos, prefere abster-se de comparecer, mesmo correndo o risco de se sujeitar às medidas aprovadas por uma minoria significativa, que nem sempre aprova o que todos gostariam.
É o ônus da escolha.

Bene

quinta-feira, 24 de março de 2011

O AMOR É OUTRA COISA



O amor não traça o seu destino. O nome disso é GPS.
O amor não faz o coração bater mais rápido. O nome disso é arritmia.
O amor não te deixa temporariamente cego. O nome disso é spray de pimenta.
O amor não te deixa saltitante. O nome disso é Pogobol.
O amor não te deixa quente e te leva pra cama. O nome disso é dengue.
O amor não te faz acreditar em falsas promessas. O nome disso é campanha eleitoral.
O amor não faz brotar uma nova pessoa dentro de você. O nome disso é gravidez.
O amor não faz você sentir-se especial. O nome disso é deficiência física.
O amor não te enche de esperanças e perspectivas de sucesso. O nome disso é livro de auto-ajuda.
O amor não faz você se sentir frágil e sensível. O nome disso é tensão pré-menstrual.
O amor não abre a cabeça das pessoas. O nome disso é neurocirurgião.
O amor não te faz pular de alegria e esquecer os problemas. O nome disso é carnaval.
O amor não tira suas defesas. O nome disso é HIV.
O amor não é compartilhar absolutamente tudo com o outro. O nome disso é comunismo.
O amor não te faz esquecer tudo. O nome disso é Alzheimer.
O amor não te deixa com falta de ar e um aperto no peito. O nome disso é asma.
O amor não te faz perder a articulação das palavras de repente. O nome disso é AVC.
O amor não te queima por dentro. O nome disso é 51.
O amor não te deixa confuso. O nome disso é ilusão de óptica.
O amor não deixa as pessoas excitadas. O nome disso é dinheiro.
Afinal, o que é o amor? O amor é outra coisa!

sábado, 19 de março de 2011

MAPA x GPS


Está rolando no fórum da ABVC – Associação Brasileira dos Velejadores de Cruzeiro – uma acalorada discussão sobre a não exigência de exame prático para obter a habilitação náutica de Arraes e de Mestre Amador. Enquanto alguns consideram fundamental a manutenção das velhas técnicas de cartas náuticas, sextante e exame prático, ainda que com apoio de modernos recursos eletrônicos, outros se posicionam contra o exame obrigatório e julgam que GPS, radar e outros sensores são suficientes para uma navegação segura.
Na verdade, todos têm alguma razão e argumentos válidos, pois se trata mais de um conflito de gerações e crenças pessoais, do que uma discussão sobre o que é certo ou errado.
Eduardo Moura, do Veleiro Bearship, colocou muito bem a questão:
Costumo a dizer que nós somos os emigrantes digitais enquanto nossos filhos e a geração deles são os nativos. Eu mesmo às vezes me sinto feito aquele pessoal que se veste com trajes antigos para reconstituir eventos históricos (em inglês, re-enactments) de guerras passadas ou da idade média. É divertido, os turistas gostam, mas depois todo mundo volta para casa e para o mundo moderno. Hoje em dia só alugo carro com GPS e nunca mais abri um mapa rodoviário, mas nunca deixo de ficar meio envergonhado quando erro alguma entrada e o GPS diz: recalculating, take the next exit in 2 miles”.

Bene

sexta-feira, 18 de março de 2011

CONY E O LEÃO

Muito antes de De Gaulle, eu já suspeitava de que o Brasil não era um país sério. Tinha motivos genéricos e pessoais para isso. No genérico, a certeza de que tudo é possível (ou impossível), dependendo do jeito e da hora do problema. No pessoal, as inúmeras vezes em que mudaram as leis, regulamentos e as posturas para o meu lado.
Nos países sérios, o cidadão leva hora e meia para fazer a sua declaração de imposto de renda e ficar em paz com o fisco. Basta o cidadão ser honesto e o governo também.
No Brasil, todos os anos mudam os formulários – aliás , neste ano só vale declaração via internet – as deduções, as alíquotas, o diabo.
Para aprovação do novo salário mínimo, o governo ofereceu uma correção de 4,5% na tabela do IR pelos próximos quatro anos.
A mecânica do fisco, nos países sérios, é a mesma e é simples: o cidadão ganha tanto, gasta tanto e deverá pagar tanto. Se fraudar, pode ser preso. No Brasil, tudo se complica e todos se estrumbicam.
Não adianta o cidadão tentar ser honesto: os cálculos são tão confusos e há tanta bi e tritributação que o cidadão fatalmente cometerá enganos ou contra si ou contra o erário. Não adianta ser sério: o país não é.
                                                                                       Carlos Heitor Cony - FSP

segunda-feira, 14 de março de 2011

FIM DA LUA OVAL

A Shell comprou a Esso. Os empresários chamam isto de "merger", fusão. Na prática, uma empresa engole a outra, absorve seus nutrientes e dispõe de modo convencional do que sobrou. Com o tempo, não pode restar memória da que foi absorvida. Assim será com a Esso: em meses, sua marca, seu símbolo e sua bandeira serão evaporados de cena, inclusive no Brasil.
A Shell pode não saber, mas a Esso acabou incorporada à cultura brasileira. Com ela, tivemos o "Repórter Esso", talvez nosso primeiro noticiário moderno e objetivo, que ia ao ar pela Rádio Nacional. Heron Domingues, seu locutor por 20 anos, era quase a voz do Brasil. Ao ouvi-lo anunciar uma "edição extraordinária", o país apurava os ouvidos.
Com o tempo, tudo muda e se acomoda. Para mim, assim como uma das maiores consultorias do mundo perdeu credibilidade e foi absorvida pela principal concorrente depois de um escândalo financeiro nos EEUU, também a Esso começou a acabar há uns anos atrás, com o desastre ecológico do naufrágio do Exxon Valdez.
Em tempos do real time da Internet e da mídia global, também não há mais espaço para o pioneiro “Repórter Esso”.

Bene

sexta-feira, 11 de março de 2011

Tempo Náutico

Comprar um barco usado é mais ou menos como comprar um carro de segunda mão. Você quer ter a certeza de que as coisas ficarão do “seu jeito”, fazendo tudo o que é necessário, útil e até voluptuário. É a velha história do “Já que...”
Assim foi também comigo, a despeito do excelente estado do Mangalarga (Atoll 23) e da brilhante conduta do ex-proprietário, que foi bastante ético e me passou bastante informação a respeito do que já fizera e do que ainda faltava fazer: pintura, toldo e a troca da bússola. Também forneceu uma relação de dicas e telefones de velaria, mecânico, eletricista, pintor, etc. Só não mencionou o tal de “tempo náutico”.
Quando você cai na mão desses profissionais, descobre o conceito dos meses reais e dos meses náuticos, que por uma razão pouco explicável valem de 2 a 10 vezes mais, dependendo de uma série de fatores, como seguem:
·        Quantidade de serviços que o profissional pode pegar junto com o seu serviço (que segundo eles é infinita, mesmo que eles afirmem o contrário);
·        Quantidade de chuvas durante a obra (sempre chove mais no estaleiro do que em qualquer outro lugar do planeta);
·        A capacidade de enrolação e a responsabilidade do profissional contratado;
·        Trabalha só três dias na semana e ainda vem com a desculpa de que a marina fecha na quarta-feira;
·        A indicação de obras anteriores feitas pelo mesmo profissional na mesma marina;
·        Sua sorte de proprietário amador e sua fé que um dia o barco ficará pronto;
·        Sua cara de marajá, que merece ser tratado de doutor porque deve ter muita grana para ser dono de um barco assim...

Tenho velejado quase todas as semanas. Faço semestralmente a limpeza do casco e pinto com tinta venenosa uma vez por ano. Procedo ao imediato reparo assim que observo uma vela rasgada, manilha solta ou cabo desfiado. Só não entendo a razão da “to do list” só estar aumentando, na razão direta das providências tomadas!

Benê – Mangalarga
Guarujá - SP