quinta-feira, 18 de outubro de 2012

No tempo da cavernas


No tempo das cavernas, as pessoas lutavam pela sobrevivência e disputavam espaço e alimentos com outras tribos e animais. Velhos e crianças ficavam sob os cuidados das mulheres enquanto os homens se aventuravam como caçadores ou caçados.
Nesse contexto, cada um se arranja como pode e procura manter-se no seu canto, com pouco ou nenhum contato social na pré-história.
A humanidade evoluiu, passando pela revolução agrícola com os aglomerados familiares e sociais. Nas casas, além da família do proprietário, que era o senhor, também viviam parentes, agregados e serviçais, constituindo-se verdadeiras comunidades ou clãs. Cena comum, do romantismo dos séculos XVIII e XIX, era encontramos a donzela, filha ou sobrinha, num recital de piano que enchia de orgulho seus pais e entediava a maioria dos presentes. Tudo era feito em comum.
Sobreveio a revolução industrial, dando origem ao trabalho assalariado, à produção em série e a inevitável concentração demográfica nas cidades, nascendo daí os condomínios, os apartamentos e as favelas.
A revolução da informática, na segunda metade do século XX, veio acelerar as comunicações, encurtando as distâncias e criando a realidade virtual da Internet.
O velho televisor da sala, usufruído pela família, amigos e vizinhos, foi substituído por um receptor em cada quarto. O jantar em família cedeu lugar ao fast food impessoal e individualizado.  O trabalho e a emancipação feminina, a pílula, o aumento da escolaridade, as gerações X e Y, as redes sociais, os dispositivos móveis e os horários desencontrados, levaram a uma desagregação familiar, a uma solidão em comum, onde todos estão sempre conectados, mas não se conectam pelo olhar.
Nesse contexto, cada um se arranja como pode e procura manter-se no seu canto, com pouco ou nenhum contato social na pós-história.
Parece que, em que pesem as conquistas tecnológicas, nossa capacidade de relacionamento não é melhor do que no tempo das cavernas.
 Bene

 

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Poxa Nininho gostei bastante do seu texto.
    Lembra, qdo na nossa juventude almoçávamos naquela mesa enorme com teus pais e 8 irmãos ?
    Na casa da vó Minerva também, aqueles almoços deliciosos na ferias, que eu passava todas em Taubaté.
    Meu pai naquela época só sentava na mesa quando os filhos ja tivessem sentados e minha mãe. Caramba isso era muito bom, e ali conversávamos sobre nosso dia.
    Agora as conversas ficaram pelo celular, internet, nunca vi esses jovens so querem ficar conectados ...
    Faço questão de almoçar com minha filha todos os dias e as vezes sem TV para conversarmos um pouco sobre nossas vidas, e ela gosta disso.
    Mas, tive Drica com 41 anos e ela tem que aceitar as caretices da mãe por que ainda mora comigo. Ja a mais velha Mari que mora em NY quando vem passear ja tem aquele jeito americano de ser bem diferente de nós kkk

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