sábado, 18 de dezembro de 2010

Matrimônio ou patrimônio


Casamento é o compromisso de aprender a resolver as rusgas do dia-a-dia de forma construtiva, o que muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender”. (Stephen Kanitz).
O autor da frase acima, conceituado professor na FGV e autor de vários livros, comemorou trinta anos de casamento e escreveu um artigo em sua coluna na revista Veja, intitulado “O Contrato de Casamento”. Destacou que dentre as congratulações que recebeu, muitos comentários do tipo “coisa rara hoje em dia” e constatou que, de fato, quase a metade dos amigos de infância havia terminado o casamento.
Isso remete à reflexão sobre a banalização da frase mais importante do casamento: “vou sempre amar você”. Uma pessoa que se casa por volta dos 20 anos, tem chance de, ao longo da vida, encontrar outra pessoa que julga mais bonita, mais inteligente ou mais interessante do que a pessoa atual com quem tem o compromisso. Por isso, o verdadeiro sentido de prometer amar alguém para sempre deve ser: “Eu sei que nós dois somos jovens e que pretendemos viver até os 80 anos ou mais. Prometo amar você para sempre e abrir mão, desde já, de dezenas de oportunidades conjugais que surgirão no meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar preocupado com o futuro do nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma mulher provocante. Prometo amar você para sempre para que possamos nos casar e viver em harmonia”.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, quando chegarem os filhos, o casal também vai prometer amá-los para sempre, até porque não é comum os pais pensarem em trocar os filhos pelos filhos mais comportados do vizinho e nem os filhos querem trocar os pais por outros melhores.
Do acima exposto, podemos concluir que o objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você escolheu e prometeu amar para sempre.
Certa vez soube de um casal que resolveu se separar depois de muitas brigas e divergências aparentemente irreconciliáveis. Ele era um próspero empresário e ela uma bela mulher do jet set. Decidiram permanecer juntos quando perceberam que muito menos da metade do patrimônio do casal iria restar para cada um após a separação que, além do inevitável desgaste emocional, implica em despesas com novas moradias, móveis, telefones, taxas e os terríveis honorários advocatícios. Escolha lamentável, permanecer juntos para não perder o patrimônio financeiro em lugar de valorizar o patrimônio emocional que vale muito mais e que garantiria a manutenção do matrimônio.
Hoje, com a experiência de uma vida, sei que o meu maior patrimônio está no meu matrimônio. E concordo com Stephen Covey* quando afirma que amar é verbo transitivo e significa a ação de querer bem a cada dia, de tratar bem todos os dias, de plantar, regar, podar de vez em quando e cuidar sempre, até que o verdadeiro sentimento floresça como fruto de uma conquista perene e não de algo que se possa descartar facilmente como uma flor que murchou e que se pode substituir sem maiores consequências.

Bene

* Autor de OS 7 HÁBITOS DAS PESSOAS MUITO EFICAZES

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