terça-feira, 25 de setembro de 2012

A maioria das minorias


Em tempos do politicamente correto, quando causídicos, parlamentares e ONGs, sob as benesses do (des)governo discutem até a cassação de Monteiro Lobato por afirmar, pela boca da irreverente boneca Emília, que a Tia Nastácia era negra (ou não era?), gostaria de discutir um pouco a questão da ascensão das minorias.
Lembro-me de ter lido outro livro do genial Lobato em que, com fina ironia e aguçado senso político, descrevia a chegada de um afrodescendente ao cargo maior na política americana: O Presidente Negro.
Na primeira metade do século passado, quando a KKK ainda queimava impunemente descendentes de escravos nos estados sulistas, sob a benesse de uma sociedade majoritariamente branca, elitista e preconceituosa, Monteiro Lobato previu que, com o esfacelamento político da classe dominante e o consequente crescimento das minorias, alguma minoria chegaria à maioria.
Em poucas palavras, ocorreu o seguinte: Com a emancipação das mulheres brancas, elas criaram um partido e deixaram de votar nos homens. Assim, concorreram às eleições um candidato branco, do sexo masculino, uma mulher branca e um candidato negro, que venceu as eleições por ter recebido a soma dos votos dos homens e mulheres negras, que não eram tão politizadas e independentes quanto as brancas.
O mundo, consternado, tomou consciência do fato concreto de haver um descendente de escravos conquistado o cargo inequívoco de líder mundial. Obama viria cumprir a profecia lobatiana.
No Brasil de hoje, com tantas minorias recebendo quotas e privilégios governamentais, com o aparato legal defendendo os interesses legitimamente reconhecidos de afrodescendentes, asiáticos, gays, índios, minorias religiosas, políticos, quilombolas e tantas outras tipologias, desejo também reivindicar os direitos da minoria caucasiana mesocélafa.
Pela presente, ficam advertidos todos que, se em algum momento eu for chamado de branco, branquelo, ou bicho de goiaba, farei uso dos direitos que me assegura a lei que protege as minorias e buscarei imediata reparação na Justiça (que parece estar voltando à nossa terra com o processo do Mensalão no STJ).
Assim, peço que passem a se referir a mim e aos meus semelhantes como europóide ou eurodescendente.

Tenho dito!

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