Hélio Schwartsman
discute em sua coluna de hoje na FOLHA-Opinião, sob o título de Questão
bizantina, a diversidade da idade limite para matrícula no primeiro ano
escolar: 6 ou 7, anos completos ou incompletos. Existe conflito na legislação,
em diferentes regiões e até na interpretação de famílias, professores e “especialistas” *:
“Não estou advogando pelo vale-tudo. O processo
de alfabetização, ao contrário da linguagem oral, não vem naturalmente. A
escrita precisa ser ensinada e exige uma maturidade neurológica (cognitiva e
motora) que só surge lá pelos seis anos de idade.
Esse recorte, é
claro, resulta de uma média, e médias, como se sabe, são traiçoeiras. Basta
lembrar que, na média, a humanidade tem um testículo e um seio, ainda que seja
raro encontrar alguém com essas características. Analogamente, embora a média
para a alfabetização seja de seis anos, muitas crianças já estão prontas aos
cinco, enquanto outras só desabrocham lá pelos sete. Há ainda os disléxicos
graves que só aprendem com acompanhamento especial”.
Isso
nos leva a novas divagações como a existência de crianças superdotadas que
concluem o ensino superior antes dos dezoito anos como se verifica na Índia,
nos Estados Unidos e talvez em outras paragens menos presas à burocracia
cartorial da nossa herança ibérica.
Decidir
se alguém estará apto a começar o ensino fundamental aos 4, 5, 6 ou mais anos
pode ser tarefa de especialistas de verdade, de professores bem formados e que
verifiquem in loco a capacidade de
cada criança. Jamais se pretenda uniformizar esse limite a partir de burocratas
governamentais que não entendem de criança, de educação e nem de governo.
Por
extensão, é de se questionar se uma pessoa que a lei (ou os “especialistas”)
considera apta e capaz para eleger um presidente da república, não deveria ser também
obrigada a responder civil e criminalmente por seus atos. “Quem
pode o mais, pode o menos!” – dizia meu professor de Direito.
Extrapolando
o nosso raciocínio, vamos discutir um pouco a longevidade. Antigamente, na
Grécia, no Oriente, ou mais recentemente entre os nossos indígenas, antiguidade
era posto. A velhice era respeitada e a experiência dos mais velhos assegurava
a tradição, os hábitos e costumes dos povos. Hoje, parece que tudo mudou.
Apesar de alguns discursos politicamente corretos sobre terceira idade,
ecologia, direito de minorias, etc., na prática a teoria é outra.
Se
antiguidade fosse posto, minha avó mandaria em casa. Embora possa ser útil
aproveitar a experiência e a sabedoria dos mais velhos, não devemos ficar
reféns de suas frequentes manias. O governo e o poder de mando devem advir de
competência técnica, sem qualquer vínculo legal ou tradicional com a idade do
agente ou do paciente. Idade não define capacidade. Afinal, os canalhas também
envelhecem. Manda quem pode e obedece quem tem juízo!
*
burocratas que legislam a partir de gabinetes.
Não é fácil!
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