O
romance de José Rodrigues dos Santos rebusca as misteriosas origens de
Cristóvão Colombo. Ou será de Cristoforo Colombo, ou melhor, de Cristobal
Colón, Cristophon Cólon, Cristóvam Colom, Christóval Cólom, Cristopher
Columbus, Christophorus Colonus, ou Colona, Colonna, ou Salvador Fernandes
Zarco.
Ao
longo de 550 páginas, José Rodrigues dos Santos transporta-nos numa viagem à
descoberta dos enigmas que rodearam a vida de “Colombo”, numa aventura plena de
enigmas e a decorrer em vários locais: Lisboa, Nova Iorque, Rio de Janeiro,
Gênova, Sevilha, Sintra, Jerusalém, Tomar, Londres,… Mas para além desta
História, coexistem outras histórias paralelas como, por exemplo: o romance de
Tomás com Lena, uma inteligente e esbelta aluna sueca; a ruptura de Tomás com
Constança, sua esposa; ou ainda, a filha Margarida, com 9 anos e possuidora de
Trissomia 21.
Habilmente
escrito, o romance é em grande parte a reposição das teorias do historiador
Mascarenhas Barreto («The Portuguese
Columbus: Secret Agent of King John II», 1992) e do médico Manual Luciano
da Silva, («Columbus wasn´t Columbus»,1989).
Salvador
Fernandes Zarco (SFZ), primo do Rei D. João II, teria nascido em Cuba,
Alentejo, em 1448, tendo partido com seis anos de idade para a Ilha do Porto
Santo acompanhado pela mãe depois dela ter casado com Diogo Afonso Aguiar. Aos
14 anos iniciou a vida marítima nas caravelas portuguesas em viagens para as
costas de África. Tomaria o nome Cristoforo Colombo ao entrar para os
Cavaleiros de Cristo, e a troca dos nomes deu-se porque era um judeu bastardo.
Mais tarde viria a casar com Filipa Moniz de Perestrelo, uma jovem nobre
portuguesa, descendente de Egas Moniz e filha de Bartolomeu Perestrelo, o
primeiro donatário de Porto Santo. Deste casamento nasceu um filho legítimo que
foi batizado com o nome de Diogo Cólon. Em defesa desta teoria encontramos um
sem número de particularidades, destacando-se:
- Cólon
em grego é igual a Zarco em judaico;
-
Abraão Zacuto, para além de médico do rei D. João II, era também astrônomo e
foi ele que, como matemático, escreveu o "Almanach Perpetuum" e as Tábuas de Navegação que seriam usadas
por “Colombo” quando fez a viagem às Caraíbas em 1492 e também pelo navegador
Vasco da Gama na viagem à Índia. Refira-se ainda que foi durante a estadia de
Abraão Zacuto em Tomar que se construiu a Sinagoga do Arco ou do Zarco;
- O
nome dado por “Colombo” à primeira ilha descoberta foi "San Salvador"
(o seu verdadeiro nome);
- À
segunda ilha, “Colombo” chamou Fernandina, topônimo derivado de Fernandes
(filho de Fernando), e ele era na realidade Salvador Fernandes, filho de
Fernando;
- A uma
outra chamou Isabela, provavelmente em homenagem a sua mãe, Isabel;
- À
ilha seguinte deu o nome de Juana, quiçá se em honra do Rei D. João II, mas
depois, trocou-o por Cuba, nome da sua terra natal.
«O Codex 632» é mais um romance histórico, mas também uma obra que
pretende ficcionar em torno da verdadeira missão de “Colombo”, porventura um
dos segredos mais bem guardados da epopeia dos Descobrimentos portugueses. E é
um livro que se lê com prazer e, sejamos francos, com certa avidez da primeira
à última página. Maior mérito do seu autor.
Bene
Nenhum comentário:
Postar um comentário