sexta-feira, 13 de maio de 2011

Porviroscópio

Em 1926, Monteiro Lobato publicou um livro intitulado O Presidente Negro*. Nesse livro ele imaginou que no ano de 2228 concorreriam à presidência dos Estados Unidos uma mulher, um branco e um negro. E que o eleito seria o negro. No livro de Lobato, os personagens da história entram em contato com o futuro através de um aparelho que ele chamou de PORVIROSCÓPIO.
A história antecipou o vaticínio de Lobato em muitos anos com a eleição de Obama. A realidade muitas vezes se mostra mais exequível que a ficção.
Se o Michel Temer, por exemplo, possuísse um aparelho desses, certamente ele trataria de saber se a Dilma terminaria o mandato, assim como o Sarney deu uma secada no falecido Tancredo Neves. Ou não tem sido essa a vocação do PMDB, a de estar em todas as boquinhas?
Se a torcida do Corinthians tivesse um porviroscópio certamente estaria direcionando o mesmo para a Vila Belmiro para saber se o Santos, apesar do cansaço da maratona, da ausência de Ganso, do Neymar com o “baque” da paternidade, poderá atrapalhar o sonho de mais um título para o Timão.
Eu creio que muitos casamentos acabariam antes do tempo se maridos e esposas tivessem esse aparelho. Nem chegariam a namorar e muito menos a ficar noivos. As loterias certamente acabariam. Os cassinos. Tudo que envolvesse probabilidade futura ruiria por terra.
E se o porviroscópio tivesse alcance para além da morte e desvendasse o futuro da alma, as religiões estariam também a perigo. O melhor é ir vivendo a vida de 24 em 24 horas. Com todas as suas incertezas, deslumbramentos, tragédias e surpresas. Sejam elas agradáveis ou não.
É no mistério de cada dia que reside o fascínio de viver.

Bene
 

* reeditado pela Globo em 2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário