Dia desses li um
artigo do Prof. José Carlos Sebe, que foi meu amigo de infância, uma crônica
sobre completar setenta anos. Depois, recebi de outro amigo a mensagem abaixo
transcrita, que alude ao mesmo tema, que hoje compartilho:
Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes,
minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma
barriga mais lisa. Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e
menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo... Eu não me censuro
por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou pela compra de algo
bobo que eu não precisava, como uma escultura de cimento, mas que parece tão
“avant garde” no meu pátio. Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser
extravagante. Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes
de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.
Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou
jogar no computador até as quatro horas e dormir até meio-dia? Eu Dançarei ao
som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 & 70, e se eu, ao mesmo
tempo, desejar chorar por um amor perdido... Eu choro!
Vou andar na praia em um calção excessivamente
largo sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu
quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros no jet set. Eles também vão
envelhecer.
Eu sei que às vezes esqueço algumas coisas. Mas
há mais algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das
coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Como não
pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma
criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por
um carro? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão.
Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria
de ser imperfeito.
Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente
para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para
sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram
antes de seus cabelos virarem prata. Conforme você envelhece, é mais fácil ser
positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me
questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado. Assim, para responder sua
pergunta, eu gosto de ser idoso.
A idade me libertou. Eu gosto da pessoa que me
tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não
vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que
será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer), vou ser
romântico (se não me esquecer), mandar flores, abrir portas, sorrir e fazer rir.
Como bem diz o Cortella, gente não fica velha.
Quem fica velho é automóvel, geladeira e sapato. Gente fica pronta. Para o quê? Não sei. ´Ce tenta, que consegue !
Perfeito, Benê!
ResponderExcluirVou me aprontando. Devagar...
Abração e obrigado.