Tudo bem que os serviços de meteorologia
avisaram que mais uma frente fria estava subindo do Rio Grande do Sul; que a
tórrida temperatura dos últimos dias iria amainar e que pancadas de chuva
estavam previstas para o período da tarde do dia 22/02/2013.
Ocorre que caiu o maior temporal de todos
os tempos, com mais de 150 mm de chuva em apenas uma hora, chegando a um total
que superou os 250 mm, expectativa de uma quinzena.
Raios, trovões e muita água caindo do céu
fizeram transbordar rios, rodaram barreiras e até uma estrada de primeiro
mundo, construída com altíssima tecnologia e obras de contenção e prevenção foi
sufocada pela lama que interditou túneis e matou gente na noite de sexta-feira.
Costumamos culpar os políticos pelas
enchentes recorrentes de Santa Catarina, de Minas Gerais e das cidades serranas
do Rio de Janeiro. Agora foi a vez da Rodovia dos Imigrantes, uma das melhores
e mais modernas das Américas, que sobe a Serra do Mar e faz a ligação da
baixada com a capital. O governador e o secretário assumiram a responsabilidade
e asseguraram que as vítimas serão indenizadas. Teria sido possível evitar a
tragédia?
Como explicar a voracidade da natureza,
que a cada ano parece aumentar a ferocidade dos seus ataques com destruição e
mortes. Estará a velha serra apodrecendo e rodando com as águas persistentes? Ou será uma reação natural de Gaia, apenas
cobrando um pouco do muito que lhe tem sido tirado pelo bicho homem?
Desmatamento, ocupação desordenada de
encostas, poluição, desconhecimento e desrespeito a princípios básicos de
higiene e segurança, imprevidência, desemprego, superpolução e, sobretudo a
demagogia e o desinteresse dos poderes públicos podem se juntar num feixe de
causas prováveis, mas nem sempre comprováveis.
Enquanto penso nas crescentes desgraças de
tanta gente, buscando uma forma de otimizar recursos e ajudar os necessitados,
passa-me pela cabeça o velho ditado italiano:
“ – Piove. Governo ladro !”