domingo, 22 de fevereiro de 2015

Noivos


Compartilho com vocês a crônica semanal de Luiz Alca de Sant’Anna, que tocou-me de modo especial, talvez por estarmos nos preparativos de mais um casamento na família.

Levada pelos braços do pai emocionado, a noiva desfilou sobre um tapete de espelho, cercado por candelabros onde velas recém-acesas acentuavam o romantismo, até ser entregue ao noivo sorridente e aparentemente calmo. O gesto simbólico de entregar a filha, sua menina, a um outro homem, deve custar muito ao pai, pois aquele que chega deverá tratar sua pequena igual ou melhor do que ele fez até agora. Da mãe, eu sei, ela ouviu conselhos, aqueles de mulher para mulher, um pouco do que se aprende ao passar tantos anos na intimidade com o homem que continua sendo o seu eleito.
Existe uma aura nas cerimônias de casamento, qualquer que seja o templo e a majestade da celebração, que nos transporta para a grandiosidade dos rituais e reforça o quanto precisamos deles para marcar nossa presença no caminho da vida. Naquele altar, um ciclo se cumpria para pai e mãe, e outro imediatamente se iniciava, o embrião de uma nova família estava ali plantado, com as juras de amor eterno. Não sei o que nos faz chorar nos casamentos – talvez porque nos despedimos de novo dos nossos pais, ou porque entregamos de novo os nossos filhos, nesta interminável roda da criação – e pensei se as lágrimas são trazidas pelo mistério que envolve todos os amanhãs, o dia-a-dia que nos testa e exige de nós muito mais do que as promessas trocadas na hora do sim.
Por mais que se tenha um projeto de vida em comum, que papéis sejam assinados e que o celebrante dê solenidade à troca das alianças, é no despertar de cada dia que os votos precisam ser renovados e reafirmado o sentido divino do casamento.
Aquele jovem par se olhando com encantamento era o símbolo de todos os noivos, a síntese de que o que nos move é a busca do amor e o propósito de construir o ninho, e de povoá-lo com filhos que um dia serão noivos, que farão ninhos...”

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Yes, nós temos banana

 
Depois de ler isto, você nunca vai olhar para uma banana da mesma maneira novamente.
A banana contém três açúcares naturais - sacarose, frutose e glicose, combinados com fibra.  
A banana dá uma instantânea e substancial elevação da energia.
Pesquisas provam que apenas duas bananas fornecem energia suficiente para um treino de 90 minutos extenuantes. Não é à toa que a banana é a fruta número um dos maiores atletas do mundo.
Mas energia não é a única forma de uma banana poder nos ajudar a manter a forma. Pode também nos ajudar a curar ou prevenir um grande número de doenças. Tornando-se uma obrigação adicionar a banana à nossa dieta diária.
Depressão – de acordo com recente pesquisa realizada pela MIND, entre pessoas que sofrem de depressão, as pessoas se sentiam melhores após ter comido uma banana. Isto porque a banana contém triptofano, um tipo de proteína que o corpo converte em seratonina, reconhecida por relaxar, melhorar o seu humor e, geralmente, fazem você se sentir mais feliz.
TPM – esqueça as pílulas - coma uma banana. A vitamina B6 regula os níveis de glicose no sangue, que podem afetar seu humor.
Anemia – contendo muito ferro, bananas estimulam a produção de hemoglobina no sangue e ajudam nos casos de anemia.
Pressão Arterial – este fruto tropical é muito rico em potássio, mas reduzido em sódio, tornando-a perfeita para combater a pressão alta. Tanto é assim, que a Food and Drug Administration nos Estados Unidos, permitiu que a indústria da banana oficialmente informasse ao publico, que ao comer essa fruta, ela poderá reduzir o risco de pressão alta e infarto.
Cérebro – 200 estudantes da escola Twickenham na Inglaterra tiveram ajuda nos exames este ano, comendo bananas no café da manhã, lanche e almoço em uma tentativa de elevar sua capacidade mental. A pesquisa mostrou que o elevado teor de potássio na banana, pode ajudar a aprendizagem, tornando os alunos mais alertas.
Constipação – com elevado teor de fibra, incluir bananas na dieta pode ajudar a normalizar as funções intestinais, ajudando a superar o problema sem recorrer a laxantes.
Ressaca – uma das formas mais rápidas de curar uma ressaca é fazer uma vitamina de banana, adoçado com mel. A banana acalma o estômago e, com a ajuda do mel aumenta os níveis de açúcar no sangue, enquanto o leite suaviza e reidrata o sistema.
 Azia – elas têm efeito antiácido natural no organismo, por isso, se você sofre de azia, experimente comer uma banana para aliviar.
 Enjoo matinal – comer uma banana entre as refeições ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue elevado e evita as náuseas.
Picadas de mosquito – antes do creme para picada de inseto, experimente esfregar a zona afetada com a parte interna da casca da banana. Muitas pessoas acham excelentes para reduzir o inchaço e a irritação.
Nervos – bananas são ricas em vitaminas do complexo B que ajuda a acalmar o sistema nervoso. Excesso de peso e no trabalho? Estudos do Instituto de Psicologia na Áustria mostram que a pressão no trabalho leva à excessiva ingestão de alimentos como chocolate e biscoitos. Estudando 5000 pacientes em hospitais, pesquisadores concluíram que os mais obesos eram os que mais sofriam de pressão alta e ataques de ansiedade. O relatório desse estudo, concluiu que: para evitar que comamos biscoitos e doces quando estamos ansiosos, então é necessário que se coma alimentos ricos em carboidratos a cada duas horas para manter níveis estáveis de açúcar no sangue, e é aí que entra a nossa querida banana.
Úlceras – a banana é usada na dieta diária contra desordens intestinais pela sua textura macia e suavidade. É a única fruta crua que pode ser comida sem desgaste em casos de úlcera crônica. Também neutraliza a acidez e reduz a irritação, protegendo as paredes do estômago.
Controle de temperatura – muitas culturas veem a banana como fruta 'refrescante', que pode reduzir tanto a temperatura física como emocional de mulheres grávidas. Na Tailândia, por exemplo, as grávidas comem bananas para os bebês nascerem com temperatura baixa.
Fumar e Uso do Tabaco – as bananas podem ajudar as pessoas que tentam deixar de fumar. Vitaminas - A, B6 e B12, assim como o potássio e magnésio, ajudam o corpo a recuperar dos efeitos da retirada da nicotina.
Stress – o potássio é um mineral vital, que ajuda a normalizar os batimentos cardíacos, levando oxigênio ao cérebro e regula o equilíbrio de água no corpo. Quando estamos estressados, nossa taxa metabólica se eleva, reduzindo os níveis de potássio que podem ser reequilibrado com a ajuda da banana, que é rica em potássio.
Enfarto – de acordo com pesquisa publicado no New England Journal of Medicine, comer bananas como parte de uma dieta regular, pode reduzir o risco de morte por enfarto em até 40%!
Verrugas – os interessados em alternativas naturais juram que se quiser eliminar verrugas, pegar um pedaço de casca de banana e colocá-lo sobre a verruga, com o lado amarelo para fora. Segure cuidadosamente a casca no local com esparadrapo!
 Assim, a banana é um remédio natural para muitos males. Quando você compará-lo com uma maçã, tem quatro vezes mais proteínas, duas vezes mais carboidratos, três vezes mais fósforo, cinco vezes mais vitamina A e ferro e o dobro das outras vitaminas e minerais. Também é rica em potássio e é um dos alimentos mais valiosos para nossa saúde. Então talvez seja hora de mudar essa frase em inglês, tão conhecida: 1 apple a day, keep the doctor away, e que nós traduzindo deveríamos usar: "Uma banana por dia mantém o doutor sem freguesia!"
 

PS: Bananas devem ser a razão pela qual os macacos são tão felizes o tempo todo! Vou acrescentar uma dica aqui: quer um brilho rápido nos sapatos? Pegue a parte de DENTRO da casca da banana e esfregue diretamente sobre o sapato... Passe após, um pano seco. Fruto incrível!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Las Vegas & New Yor



Jamais tive vontade de conhecer Las Vegas, talvez por preconceito devido à sua imagem de cidade do pecado diante dos rígidos valores da minha formação, contudo cedi aos argumentos da Myrta, minha mulher, e do amigo Darcy, e fui conquistado pela magia da cidade no último mês de setembro. E o entusiasmo foi tanto que resolvemos retornar para o réveillon, desta vez com o mano Flávio e a cunhada Angélica.
Vegas é realmente fantástica. Uma verdadeira Disneylândia para a terceira idade, onde mesmo sabendo que quase tudo é fake, como o topo do Venetian, tudo é maravilhoso, grande, cafona e deslumbrante.  Luzes do Réveillon através das janelas do Top of the World onde comemoramos a passagem do ano na torre do Stratosphere. Buffets pantagruélicos, compras, passeios pela Strip, visita aos hotéis e cassinos, cada um mais belo, luxuoso e temático do que o outro.
Vulcão, Piratas, tubarões, gôndolas, alta gastronomia, lojas de grife, passagens aéreas e subterrâneas entre os cassinos, esteiras rolantes, roga gigante (mesmo), exposições, shows, monorail e uma fantástica tirolesa experimentada pela Angélica na Fremont St. Tudo isso você só encontra em Vegas, uma cidade que se renova constantemente, com bons preços e ótima segurança. Aprovada!
Nova York é mais do que uma cidade americana. Quase me atrevo a dizer que é uma metrópole universal. NY está para os USA assim como SP está para o Brasil. É muito mais do qualquer outro ponto do país ou do continente.
Eu já conhecia NY no verão, quando a temperatura beira os 40° e o asfalto derrete nas ruas. Desta vez, eu que seria o guia dos demais, também tive que reaprender NY com muita neve e temperaturas abaixo de zero.  Na primeira manhã, ao deixarmos o hotel Sheraton, na 7ª. Av. com a 53st., fomos obrigados a abrir mão da programada caminhada pelo Times Square e optar por um city tour de ônibus, em função da nevasca.  E isso foi oportuno porque todos tivemos uma visão geral da ilha. Depois disso, nos dias seguintes, mais adaptados ao clima, pontuamos as atrações que mais nos interessaram: Broadway, Rockefeller Center, Grand Central, Central Park, American Museum, MOMA, Times Square, Empire State, City Hall, O.N.U., Marco Zero, Wall Street, Estátua da Liberdade, etc. Tudo bem que apesar do frio, que variou de -4° a -11°C,  as mulheres sempre arranjavam um tempinho para uma bebida quente e compras no Macy’s, Victoria Secret, Best Buy, BB&B, etc.
Os serviços do Hotel foram impecáveis, os restaurantes italianos e irlandeses corresponderam à expectativa, e o show do Fantasma da Ópera, no Majestic, simplesmente encantador.
Já estamos com vontade de voltar na primavera para ver a Grande Maçã toda florida !
 
 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Por que os sonhos não se realizam?


Porque estamos habituados a pensar e agir como crianças impotentes. A grande maioria coloca o poder nas mãos de outras pessoas e vive infeliz numa condição de dependência fazendo coisas que acha que deve ou precisa fazer. Já passou da hora de deixarmos de nos sentir “vítimas” e começar a atuar como “protagonistas” da nossa própria vida, exercitando a autonomia de pensar com a própria cabeça, correndo bons riscos. O Brasil sempre terá a nossa cara. Portanto, todos e cada um temos uma parte de responsabilidade no caos atual.
A propósito, Ozires Silva, com a experiência de ter presidido três das maiores empresas brasileiras, Petrobras, Embratel e Varig, o engenheiro aeronáutico, atual reitor da Unimonte, em Santos SP, deu uma entrevista ao jornal A TRIBUNA de 14.12.14, onde afirma com todas as letras que a responsabilidade recai sobre a ineficácia governamental. Desse governo “eleito” pelo povo.
INCENTIVOQualquer pessoa que ler a entrevista vai pensar: esse cara é um liberal, reacionário ou coisa do tipo. Mas o certo é que o governo dê condições de vida digna para a população, não para o governo. (Quanta lucidez!)
MUDANÇACreio que precisamos de mudanças bem grandes, necessárias ao Brasil há décadas. Você não pode fazer nada sem o carimbo governamental. E o cidadão está acostumado com isso, acha que precisa do governo para tudo. (vide “bolsa esmola”)
INFLAÇÃOÉ uma das consequências de uma gestão incorreta no país. Se o Brasil estivesse bem gerenciado, com tudo bem cuidado, a inflação não seria um problema.  (Mantega?)
MINISTÉRIONão estou preocupado com a escolha do ministro da Fazenda. Não me importo com o ministro da Educação também. Importo-me com o plano de governo. E não vejo na cabeça da presidente Dilma uma mentalidade dessa natureza. (nem seria possível)
INDÚSTRIA O melhor estímulo para a indústria é tirar o governo da frente e desamarrar o mercado. Chega de paternalismo estatal. (Adam Smith estava certo)
CÂMBIOO câmbio precisa ser livre. O governo não deve fixar uma taxa ou manter o câmbio alto. Essas decisões atrapalham tudo. Tem que ter liberdade para se ajustar às leis de mercado e valorizar a competitividade no mundo globalizado.
PETROBRASDeixou de ser uma das maiores empresas do mundo. Quem é o culpado por isso? O governo. Por que a Petrobras não é uma empresa livre para fazer o que precisa? O mercado precisa ser aberto. Hoje, a Petrobras não tem condições de desenvolver o pré-sal. (que será inviável com custos inferiores a U$ 80 no mercado global).
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sábado, 22 de novembro de 2014

Dez Mandamentos


Degelo na Antártida, Ebola na África, guerras no oriente, tiros em Columbine, socialismo moreno na América Latina, Foro de São Paulo, fraude eleitoral, mensalão, petrolão e quejandos me fazem pensar que está chegando o fim do mundo.
Com inundações no nordeste e estiagem no sudeste, parece que o mundo está de cabeça para baixo. A Natureza, tão violentada pelo bicho homem, se mostra descontrolada. Drogas, violência, criminalidade, impunidade e a nova moda de correr pelado pelas ruas e parques parecem indicar uma substancial subversão dos valores tradicionais.
Mas, o homem é o bicho do homem. Tudo poderia ser muito melhor, mais harmônico, saudável e feliz, sem necessidade de termos prisões, juízes, promotores, delegados, policiais e código penal. Sábios princípios de higiene, educação, convivência familiar e respeito à natureza podem ser encontrados nos livros do Eclesiastes e Eclesiástico, no antigo testamento da Bíblia. Bons conselhos e hábitos saudáveis que nos foram ensinados por nossos pais e avós, quando respeito era maior do que o hedonismo.
Todo um complexo conjunto legal e penal poderia ser totalmente dispensado se a humanidade conhecesse e se dispusesse a praticar apenas os 10 Mandamentos.
A propósito, você se lembra quais são?
 
 

sábado, 1 de novembro de 2014

Marina - a mulher do jardim !



Em meio à acirrada campanha eleitoral entre PSDB e PT, recebi um presente do meu filho Gabriel. Era uma biografia de Maria Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima, controvertida personagem do cenário político, que foi superada por Aécio Neves no primeiro turno, de forma surpreendente.
A biografia de uma candidata fora do páreo não me despertou grande interesse no momento. E esse foi mais um livro para a minha pilha de espera de leitura, de onde saiu após o decepcionante resultado das urnas divulgado pelo TSE.
Da dedicatória, destaco o seguinte: “O que posso é desejar que esse símbolo de mudança no nosso cenário político seja mais uma inspiração para quem me ensinou a nunca deixar de aprender, mudar e eternamente evoluir”. Em pouco mais de sete dias, devorei de maneira sôfrega, mas ao mesmo tempo analítica, as poço mais de duzentas páginas do livro escrito por Marília de Camargo Cesar, com prefácio do cineasta Fernando Meirelles, editado pela Mundo Cristão.
Surpreendentemente, apaixonei-me pela personagem. Menina acreana de saúde frágil e dotada de vontade férrea, venceu no seringal e está vencendo no mundo. Com nobres ideais, politizada nas comunidades eclesiais de base e inspirada pela teologia da libertação, deixou a selva e foi à luta na cidade grande. Ela diz: “Minha geração ajudou a redemocratizar o país porque tínhamos mantenedores de utopia. Gente como Chico Mendes, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Luiz Inácio da Silva e Fernando Henrique Cardoso que sustentava nossos sonhos e servia de referência”.
Quando, depois de 30 anos de militância, deixou o PT e foi para o PV, assim falou na recepção: ”Não venho mais com a ilusão dos partidos perfeitos que acalentei durante a minha juventude, mas venho com a certeza de que homens e mulheres de bem podem aperfeiçoar as instituições, e de que as instituições também aperfeiçoam homens e mulheres de bem”.
No prefácio, Fernando Meirelles escreve: “Enquanto as forças políticas que tocam o Brasil vivem às turras numa discussão estéril sobre quem está mais à direita ou à esquerda e ainda pensam o país com valores e olhos do passado, focados em crescimento e expansão, como se isso ainda fosse sempre razoável e desejável, Marina está voltada para o amanhã. Vê a possibilidade de outro futuro, não só para o Brasil, mas para o mundo todo. Sabe que precisamos começar hoje a mudar alguns paradigmas de nossa vida, se queremos deixar algum planeta para nossos descendentes. Ao compreender como poucos líderes a importância dessa guinada em nossa civilização, Marina mostra-se alinhada com o pensamento científico de ponta e representa o que de mais novo existe hoje no Brasil e no mundo”.
Termino com uma frase da autora sobre a personagem:
Uma mulher que parece acreditar que o mundo pode voltar a ser um jardim”.

Gostei do livro.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Companheiros de viagem


 
Antes de qualquer outra coisa, vou avisando que sou ótima companhia de viagem. Não é que meus companheiros digam isso para me agradar. É que aprendi que o tempo desfrutado fora de casa, em qualquer lugar do país ou do mundo, é precioso demais: é raro e é caro. Férias e dinheiro são coisas que não se desperdiçam arranjando confusão, ficando emburrado, reclamando do frio ou do calor. Isso a gente pode fazer em casa.

É em casa também que cultivamos nossas mais desarrazoadas manias. Convém trancá-las numa gaveta antes mesmo de fazer a mala quando se viaja acompanhado, a não ser que se saiba muito bem como conciliá-las com o interesse dos outros. Se alguém, por exemplo, não abre mão de corrida matinal, tem também de ver se esse costume não obriga outros a esperar para começar o dia ou a desistir de um programa com horário marcado. Quando as manias da gente tentam se impor a um grupo, o cartão da boa companhia perde muitos pontos logo de saída.

Conheço pessoas que não se importam em viajar. Preferem a solidão a correr riscos com uma companhia chata. Talvez elas mesmas sejam muito maníacas e não suportem desistir temporariamente de seus hábitos e costumes. Seja como for, sempre me pergunto como será fazer refeições sem ter com quem discutir o cardápio e mastigar a comida olhando para o vazio. Parece sem graça.

Viagens são perfeitas quando um grupo reúne gente que gosta mais ou menos das mesmas coisas e tem ritmos semelhantes para acordar, para caminhar, para comer ou para gastar. Melhores companhias são aquelas que conciliam o próprio prazer com o dos outros. São relaxadas, flexíveis, independentes. Contam boas histórias e não se estressam à toa. Sabem que o melhor da viagem pode acontecer no que não estava programado. Isso, claro não inclui pessoas complicadas em volta.
 
NEGÓCIOS, negócios...
Uma das maiores complicações em viagens em grupo é lidar com dinheiro. Há pessoas que fazem uma caixinha para os gastos de toda hora: a parada para o café, o taxi para a balada, os ingressos dos museus. Há outros que revezam espontaneamente a vez de pagar isto ou aquilo de modo que todo mundo abra a carteira em cotas parecidas ao longo da viagem.

Gente pão-dura que passa o tempo com a calculadora na mão fazendo a conversão da moeda e achando tudo caríssimo, deve ser evitada a todo custo. São pessoas insuportáveis e em geral submetem todos a seus rigorosos critérios financeiros. Mas acontece de um grupo incluir alguém com orçamento muito bem limitado. Quando se aceita como companhia alguém nessa circunstância é preciso estar disposto a pagar a ela alguns jantares ou noitadas. Do contrário não se iluda, vai pesar um clima desagradável sobre o grupo.

Cortesias com dinheiro. No entanto, devem ser procedidas de forma discreta. Gentilezas financeiras podem se transformar em ressentimento e mágoa tanto da parte de quem oferece como de quem recebe. Parece estranho? Pois já vi boas companhias quebrarem a cara quando se excederam em generosidades. E também vi generosos transmutados em cobradores implacáveis. Pessoas não são fáceis.

Problema sério de viagens acompanhadas são as compras, esteja você com amigos ou com seu amor. Muitas vezes a gente só percebe que se deu mal na hora em que aparece o roteiro de lojas a serem visitadas. É conflito na certa se uma parte do grupo ou um lado do casal detesta passar o tempo dentro de grandes magazines ou no comércio de equipamentos eletrônicos.

Se você for do tipo que só entra numa loja ao deparar com algo extraordinário – uma banca de azeites na Toscana ou de temperos na Provence – precisa deixar isso bem claro ao grupo antes da viagem. Para não atrapalhar os planos e compras dos outros, a boa companhia parte para o seu próprio passeio e marca um horário num ponto de encontro que disponha de wi-fi. Quem gosta de comprar sempre se atrasa preenchendo o formulário para o tax-free.

CADA UM PARA UM LADO
A boa companhia é independente. Com o Google Maps na mão e três ou quatro lugares planejados para visitar, o viajante acompanhado tem todo o direito de se separar do grupo para se refugiar num canto qualquer de sua preferência. Se ele estiver cercado de boas companhias, ninguém ficará chateado. Nem todo mundo gosta de museus. Ou de andar a pé. Não é de gostar de fazer tudo junto o que faz as companhias serem boas. Só más companhias não desgrudam jamais.

Bons companheiros às vezes topam com alguém no grupo que não fala língua alguma. Num caso desses, saibam eles que o monoglota vai colar nos mais desembaraçados para fazer os pedidos no restaurante, à recepção de hotel, à balconista da farmácia. Ninguém precisa ser fluente em inglês, francês ou croata para ser boa companhia, basta conseguir se comunicar. Numa situação dessas, porém, não há escapatória além de ajudar quem está desconfortável ou inseguro. Paciência não tem jeito.

Bons companheiros respeitam duas outras regrinhas importantes que, se descumpridas, podem azedar o humor do grupo. A primeira é o cumprimento dos horários combinados. Se todos acertaram de se encontrar às 8,30 h, para tomar o café da manhã, não importa se é dia de lavar o cabelo. A boa companhia acorda mais cedo e chega junto. Saiba que aqueles que esperam retardatários no saguão do hotel sempre falam mal dos que demoram para descer, por mais que sejam bons companheiros.

A outra regrinha trata do tamanho da bagagem. Se companheiros vão dividir o espaço no quarto de hotel, no apartamento alugado, no carro ou no trem, devem lembrar de que, quanto mais leve, melhor a companhia. O ideal seria um volume, além da bagagem de mão.

Existe uma lei universal das viagens que vale tanto para os chatos como para os bons companheiros: elas passam rápido demais. Quando a gente vê já está rodando a chave na porta de casa e administrando a ansiedade com a próxima fatura do cartão. Enquanto durar, a viagem com companhia tem de ser divertida e descomplicada. Na volta, ao olhar para trás, a lembrança trará dias radiantes – mesmo que tenha chovido sem parar.

Quando viajo, em dupla ou em grupo, meu mantra é uma canção na voz de Gal Costa. Dizem os versos: ”Quando a gente está contente, tanto faz o quente, tanto faz o frio, tanto faz. Quando a gente esta contente, nem pensar que está contente, a gente quer”.

Viajar é o barato total, mesmo que custe caro !
 
Mônica Valdvogel