domingo, 22 de fevereiro de 2015

Noivos


Compartilho com vocês a crônica semanal de Luiz Alca de Sant’Anna, que tocou-me de modo especial, talvez por estarmos nos preparativos de mais um casamento na família.

Levada pelos braços do pai emocionado, a noiva desfilou sobre um tapete de espelho, cercado por candelabros onde velas recém-acesas acentuavam o romantismo, até ser entregue ao noivo sorridente e aparentemente calmo. O gesto simbólico de entregar a filha, sua menina, a um outro homem, deve custar muito ao pai, pois aquele que chega deverá tratar sua pequena igual ou melhor do que ele fez até agora. Da mãe, eu sei, ela ouviu conselhos, aqueles de mulher para mulher, um pouco do que se aprende ao passar tantos anos na intimidade com o homem que continua sendo o seu eleito.
Existe uma aura nas cerimônias de casamento, qualquer que seja o templo e a majestade da celebração, que nos transporta para a grandiosidade dos rituais e reforça o quanto precisamos deles para marcar nossa presença no caminho da vida. Naquele altar, um ciclo se cumpria para pai e mãe, e outro imediatamente se iniciava, o embrião de uma nova família estava ali plantado, com as juras de amor eterno. Não sei o que nos faz chorar nos casamentos – talvez porque nos despedimos de novo dos nossos pais, ou porque entregamos de novo os nossos filhos, nesta interminável roda da criação – e pensei se as lágrimas são trazidas pelo mistério que envolve todos os amanhãs, o dia-a-dia que nos testa e exige de nós muito mais do que as promessas trocadas na hora do sim.
Por mais que se tenha um projeto de vida em comum, que papéis sejam assinados e que o celebrante dê solenidade à troca das alianças, é no despertar de cada dia que os votos precisam ser renovados e reafirmado o sentido divino do casamento.
Aquele jovem par se olhando com encantamento era o símbolo de todos os noivos, a síntese de que o que nos move é a busca do amor e o propósito de construir o ninho, e de povoá-lo com filhos que um dia serão noivos, que farão ninhos...”

Um comentário:

  1. Conheci Luiz Alca no Colégio Santista (Marista) no começo dos anos 60. Fizemos o ginásio juntos. Figura diferente do resto dos garotos, posso dizer que sofria bulling já naqueles tempos, pois não gostava de nenhum esporte, nem de meninas, nem de nada do que gostávamos. Sua mãe sempre atenta, acompanhava tudo e todos no colégio. Eu soube que ela o acompanhou pela vida toda. Sua aptidão pela literatura despertou cedo, pois compensava a fraqueza nos esportes com belos textos produzidos nas aulas de português.Figura inesquecível para mim.

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