Em meio à acirrada campanha eleitoral entre PSDB e PT,
recebi um presente do meu filho Gabriel. Era uma biografia de Maria Osmarina
Marina da Silva Vaz de Lima, controvertida personagem do cenário político, que
foi superada por Aécio Neves no primeiro turno, de forma surpreendente.
A biografia de uma candidata fora do páreo não me despertou
grande interesse no momento. E esse foi mais um livro para a minha pilha de
espera de leitura, de onde saiu após o decepcionante resultado das urnas
divulgado pelo TSE.
Da dedicatória, destaco o seguinte: “O que posso é desejar que esse símbolo de mudança no nosso cenário
político seja mais uma inspiração para quem me ensinou a nunca deixar de
aprender, mudar e eternamente evoluir”. Em pouco mais de sete dias, devorei
de maneira sôfrega, mas ao mesmo tempo analítica, as poço mais de duzentas
páginas do livro escrito por Marília de Camargo Cesar, com prefácio do cineasta
Fernando Meirelles, editado pela Mundo Cristão.
Surpreendentemente, apaixonei-me pela personagem. Menina
acreana de saúde frágil e dotada de vontade férrea, venceu no seringal e está
vencendo no mundo. Com nobres ideais, politizada nas comunidades eclesiais de
base e inspirada pela teologia da libertação, deixou a selva e foi à luta na
cidade grande. Ela diz: “Minha geração
ajudou a redemocratizar o país porque tínhamos mantenedores de utopia. Gente
como Chico Mendes, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Luiz Inácio da Silva e
Fernando Henrique Cardoso que sustentava nossos sonhos e servia de referência”.
Quando, depois de 30 anos de militância, deixou o PT e foi
para o PV, assim falou na recepção: ”Não
venho mais com a ilusão dos partidos perfeitos que acalentei durante a minha
juventude, mas venho com a certeza de que homens e mulheres de bem podem
aperfeiçoar as instituições, e de que as instituições também aperfeiçoam homens
e mulheres de bem”.
No prefácio, Fernando Meirelles escreve: “Enquanto as forças políticas que tocam o
Brasil vivem às turras numa discussão estéril sobre quem está mais à direita ou
à esquerda e ainda pensam o país com valores e olhos do passado, focados em
crescimento e expansão, como se isso ainda fosse sempre razoável e desejável,
Marina está voltada para o amanhã. Vê a possibilidade de outro futuro, não só
para o Brasil, mas para o mundo todo. Sabe que precisamos começar hoje a mudar
alguns paradigmas de nossa vida, se queremos deixar algum planeta para nossos
descendentes. Ao compreender como poucos líderes a importância dessa guinada em
nossa civilização, Marina mostra-se alinhada com o pensamento científico de
ponta e representa o que de mais novo existe hoje no Brasil e no mundo”.
Termino com uma frase da autora sobre a personagem:
“Uma mulher que parece acreditar que o mundo
pode voltar a ser um jardim”.
Gostei do livro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário